Tensão entre Lula e Trump eleva incertezas e pressiona mercado financeiro

Após meses fora do foco das medidas comerciais mais duras dos Estados Unidos, o Brasil agora começa a sentir os impactos de sua crescente tensão com o presidente norte-americano Donald Trump. O recente atrito entre os governos de Lula e Trump gerou incertezas entre os investidores, o que refletiu em uma valorização de 2,2% do dólar frente ao real em pouco mais de dez sessões de negociação.

Embora o dólar ainda acumule uma desvalorização de quase 10% no ano em relação à moeda brasileira, o temor de uma possível escalada nos conflitos comerciais tem impulsionado a busca por ativos considerados mais seguros – como o dólar –, provocando fuga de capital do país.

De acordo com dados do Banco Central, entre os dias 7 e 11 de julho, a conta financeira do fluxo cambial – que registra operações como investimentos em carteira, transferências de renda e empréstimos internacionais – teve uma saída líquida de US$ 1,65 bilhão. No mesmo período, a conta comercial, responsável por operações de exportação e importação, registrou um ingresso líquido de US$ 2,29 bilhões.

Esse comportamento evidencia a cautela do mercado, já que o fluxo financeiro responde diretamente ao sentimento dos investidores. Quando o apetite por risco diminui, os recursos tendem a deixar economias emergentes como o Brasil. A retirada de capital estrangeiro da Bolsa brasileira também confirma esse movimento: somente no dia 18 de julho, investidores internacionais sacaram R$ 868 milhões da B3, acumulando R$ 5,9 bilhões de saída no mês.

Apesar da preocupação com as tarifas impostas por Trump, analistas avaliam que o impacto econômico direto será limitado, já que menos de 2% do PIB brasileiro está vinculado ao mercado norte-americano. Contudo, estados com forte presença industrial, como Minas Gerais, podem ser mais afetados.

A maior preocupação no momento é o ambiente de incerteza e seus efeitos sobre os mercados. Com a aplicação da tarifa de 50% prevista para 1º de agosto, o cenário deve se manter volátil. Ainda paira a possibilidade de retaliações por parte do governo brasileiro, o que aumentaria ainda mais os riscos.

Mesmo assim, a expectativa é de que o Brasil opte por uma abordagem diplomática, conforme observado em episódios anteriores envolvendo os EUA e países como China e Canadá. Além disso, a tendência global de enfraquecimento do dólar em relação a outras moedas fortes ainda favorece o real, contribuindo para atenuar possíveis danos cambiais.

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